Certa vez descobri que eu tinha asas
E com elas podia rumar pra onde bem quisesse
E foi como agi, sai do meu ninho e levantei voou.
Fui buscar algo que não sabia como, não sabia onde, nem e quem encontrar.
E daí observei que não era apenas eu que tinha esse dom especial
Que na verdade nem era um dom.
Não passava de mais uma característica humana
Todos tínhamos asas, unas belas e enormes, outras pequenas e mal cuidadas
Algumas com ar de vida própria, outras podadas sem força pra vôo.
Vi que uns estava no céu, como eu,
Enquanto outros não fazia a mínima questão de estar no ar.
E se sentiam bem, ou pelo menos aparentava se sentir bem com isso.
Certas vezes, conheci outras pessoas,
Que gostavam de ter a sensação de estar livre
Como eu,
Me acompanharam por um tempo
E eu acompanhei em outros tempos.
Mas como pra todos, a gente sente-se cansado e aterrissamos
Aterrissamos numa realidade desacostumada.
Não viciosa, estranha a olhos que sempre estavam voando.
Como tempo descobre coisas, que não se acreditava
Existe amor, existe cumplicidade, existe alguém que pode ficar do seu lado
A convivência fez com que eu me esquecesse que carregava asas comigo
Não pretendia voar, não imaginava estar lá novamente se estava tão bem aqui
Me sentia vivo mesmo sem voar, isso não incomodava.
Mas esqueci das minhas e de suas asas
E um via você partiu no meio do vento.
Se foi, e eu fiquei, você soltou minha mão e se foi
Nada pude fazer, a não ser tomar decisões
Ficar ou voar, partir e esquecer ou nada disso
É tão complicado fazer tudo isso sozinho de novo
Quando se esta acostumado a uma vida tranqüila
Então decidi ficar aqui, mas não me trancar numa gaiola
Quem sabe um dia outro alguém venha e me faça voar novamente
Ou por estar coma porta aberta, você possa voar de volta pra mim.
Ulisses Freire
16/01/2009