quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Saudade

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.

Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.

Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada,
se ele tem assistido as aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial,
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros,
se ele continua preferindo Malzebier,
se ela continua preferindo suco,
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados,
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor,
se ele continua cantando tão bem,
se ela continua detestando o McDonald's,
se ele continua amando,
se ela continua a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.

É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro,
se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo o que você,
provavelmente,
está sentindo agora depois que acabou de ler...

(Por Miguel Falabella)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Achei que nunca mais acreditaria no amor. Achei que ele nunca mais voltaria pra me confortar, sabe, pegar de jeito, olhar nos olhos, me fazer sentir vivo. Pensei ser como um castigo por tudo que passei ou fiz passar. Juro que não mais aconteceria que um amor não mais teria.

Mas você chegou, veio até mim, mostrou-se real, pronto, vivo. Segurou minha mão e prometeu não soltar, foi como se soubesse de cada necessidade minha. Sabe me olhar, sabe me tocar. Sabe como falar, dizer que sou especial pra você. E isso me acalma, me alivia dores e temores.

Você disse: "Na nossa vida devemos dar carinho e amor para aquelas pessoas especiais, Tais como você que é a pessoa mais especial minha vida."

E mais uma vez: Você me faz acreditar que nada exite sem amor, que você veio para mostrar o meu caminho. Você traz uma paixão que eu nunca pude descobrir.

Eu creio que você já descobriu, afinal de contas, AMAR como EU TE AMO, é expor qualquer paixão a ponto de te cobrir com ela. É mostrar que hoje me entrego a você de corpo, alma e coração. Pois por muito esperei um amor como o seu, pra libertar o meu e assim depositar todo ele em suas mãos.

domingo, 13 de junho de 2010

Meu passado de volta












De tanto acreditar que poderia

Deixar de lado aquele meu passado,

Resolvo, sem pudores, encher-me com presentes

Não um, nem dois, vários.

Na tentativa, em vão, de suprir

Algo já inexistente, ou simplesmente unilateral.


O que mais dói, é saber que tudo foi ilusão.

Ilusão doce e gostosa. Vivida e finalmente morta.

Digamos que assassinada,

Por sua ânsia, vomitada em minha cara,

Do não mais desejo carnal,

Do olhares perdidos em ruas lotadas

Da vontade do comprimento nada absoleto

E ainda do sentimento nunca apagado.


O tempo passou e nada mais se pode fazer,

É se agoniar, arrepiar, coração apertar e deixar passar.

Passar do outro lado daquela mesma rua lotada,

Na esperança de quem sabe um dia você voltar.


Ulisses Freire 25/07/2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010


















Não houve decepção, apesar da tristeza, sem fim...
Houverão lágrimas, lágrimas presas, lágrimas guardadas.
Não houve felicidade
amor,
paixão,
alegria,
A tempos, não havia prazer em continuar assim...
Sempre houverão lágrimas...
Não entendia ao certo porquê, mas elas eram muitas, infindáveis lágrimas de não felicidade, de não viver.

(Se soubesse!)

Ele preferia ter sofrido, por mil decepções, as mil lágrimas.
Que foram sem fim...
Mas não teve tanta sorte.
Seguiu assim com lágrimas.
Se pudesse voltar, ou descer, certamente escolheria agora as decepções, que morrer sem ter usado o coração!


Por: Alle Nascimento
http://coisasdacabecas.blogspot.com

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Maré

Não foi preciso chorar
Não havia motivos pra deixar lágrimas
Invadirem meu peito, como quem sai por nada

Não foi assim que pensei acontecer
Mas não me deixo gritar sem alcançar
O som do meu coração
Que descompassado bate

Triste?
Não diria ser assim, uma tristeza
Diria que o barco não continua a navegar
Que o leme troca de capitão
Que o mar me surpreendeu
Quando entoou um novo canto

Digo que a maré
Levou o que poderia vir a ser um fim
Digo que a maré mudou o rumo
Digo que a lua hoje reflete
Nas ondas, um outro rosto!


Ulisses Freire

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Pagamento


No cansaço de tentar algo que não me cabe mais,
tenho até vontade de sumir e deixar tudo que construí até aqui.
Meu corpo já não me responde como deveria,
minha mente agora tem vida própria,
minhas pernas não vão mais onde quero,
minhas mãos não seguram mais o que desejo.
Quanto as minhas palavras,
Ah, as minhas palavras,
Essas é que não me respeitam mesmo.
É como se meu controle sobre o que quer que eu fale
Estivesse sido escasso
E o que me resta é apenas o mínimo sobre o que escrevo.
Só dessa forma sai o que quero, como quero, mesmo que, com medo.


Sabe... A vida deveria ser mais maleável,
facilidade mesmo, como um cardápio.
Mas pensando bem, a vida é bem parecida com um desses.
Olhamos, escolhemos e pedimos.
Simples dessa forma.
Sendo que nunca ou poucas vezes lembramos
Que após estarmos totalmente satisfeitos
Vem o mal esperado...
O pagamento.
Desses, que por mais que tentemos fugir,
um dia ele nos dá uma bela rasteira,
então é encarar, levantar de novo e sorri mais uma vez,
Porque sabemos que um pouco mais na frente,
Estaremos no chão de novamente.

Ulisses Freire
05/04/2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Apenas meu desejo

Se eu soubesse cada instante,
Se eu encontrasse cada parte,
Se eu tivesse ao menos aquela noção,
Certamente, não estaria aqui.
Provavelmente, eu fugiria de tudo.

Não vivo em você, por não permitires.
Recluso em teu mundo fechado,
Não me envolves totalmente em teus braços.
Mesmo perdendo-se em meu olhar
Ou encontrando-se em meu corpo.

Queria apenas poder te mostrar,
Em instantes duradouros,
O quanto tenho pra você,
O quanto podes me oferecer.

Em muito mais que palavras,
Nada medidas ao serei jogadas.
Muito mais que sorrisos frouxos,
Que expõem além de um coração receoso.

Queria, para sempre, te sentir transbordar em euforia,
Fazendo-me arrepiar todo,
Quando me olha nos olhos, toca meu corpo,
Respira baixinho e ofegante em meu pescoço,
Suspirando que me quer.


Ulisses Freire
19/02/2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tempo

Sempre disse uma coisa e a pouco foi que descobri
‘Deixe com o tempo, ele se encarregará de concertar tudo’
A partir do momento que esquecemos a ansiendade
E passamos ser guiados pelo tempo, tudo começa a acontecer como esperado
Mesmo que demore, mas acontece, é então que entra sua aliada, a paciencia.

Para evoluçaõ do homem, para o desabrochar de uma flor, pra que parasse de chover,
Para tudo é necessário que o tempo passe
Para chegar a um destino, ou curar um coração ferido,
Também depende do tempo.

As coisas mudam de forma muito dura e quando se espera... “pah”
O tempo passou e levou tudo embora.
Então olhe bem as coisas ao seu redor, tudo será perceptivel,
Pois quando o tempo estiver ao seu favor te sussurrará:
“Esta na hora”
Então é não se perder do tempo e seguir com ele.
Ele fará com que seu atrazo seja para evitar uma tragédia,
Fará com que você amadureça um pouco mais,
Te colocará frentre a frente com a pessoa certa para você

Caberá então, nessa hora, apenas a você encarar os fatos
E se houver erro a culpa foi toda sua e não do tempo..
Ele já fez sua parte, foi você que falhou.
Então mergulhe e esqueça os medos,
Por que mais uma vez o tempo vai invadir essa nova fase
E te apresentar um algo novo.

Ulisses Freire
07/02/2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Existir

Existem amores e um amor especial
Existe um gostar e um simples, eu gosto
Existe um eu quero, e um eu te quero muito
Existe um estar com você, e um estar ao seu lado
Existe um amigo, e uma parte de ti que transforma-se em irmão
Existe
um procurar o seu melhor amigo, e um encontrá-lo dentro do peito

Existe um sonho, e uma realização sonhada junto
Existe um eu sigo na vida, e um eu traço a vida que quero
Existe um que se conforma, e um que luta pra fazer diferente
Existe o simples, que apenas vê o dia raiar, e um que faz a vida raiar

Existe quem te ame, simplesmente e apenas fale
Existe quem não te entenda, e apenas te critique
Existe aquele que te deseja, e nem tem coragem de falar
Existe um que te ama e faz poema, como agora

Existe um poema pra ti, porque sai do coração
Onde existo num querer ver-te sempre ao meu lado
Onde quero sempre teu sorriso
Onde sempre existe a chance de ser maior o amor
Existe a felicidade de ter encontrado tua vida
E tê-la colocado junto a minha

Ulisses Freire

07/01/2010